Por uma ressignificação do empreendedorismo feminino a partir de três visões filosóficas sobre o gênero e poder

Autores

DOI:

https://doi.org/10.14211/regepe.esbj.e2564

Palavras-chave:

Empreendedorismo feminino, Relações assimétricas de poder, Violência contra a mulher, Patriarcado, Feminismo

Resumo

Objetivo: Este texto é um ensaio que discute o conceito de empreendedorismo feminino a partir da ressignificação posta pela ideia de relações de gênero, em que estas são consideradas como relações assimétricas de poder, abarcando a violência como o resultado desta condição. Nosso argumento se constrói particularmente pela perspectiva de três autores: no pensamento da historiadora Joan Scott, do filósofo Michel Foucault e da filósofa Hannah Arendt. Tese: Suas propostas teóricas nos permitem reconstruir as visões sobre a mulher enquanto uma construção histórica baseada nas relações de poder e controle, e pelo exercício da violência como principal mecanismo de dominação do patriarcado sobre o feminino. Relevância/Originalidade: É assim que argumentamos que o Empreendedorismo Feminino se manifesta em um contexto de violência, já que expressa as diferentes formas de violência contra a mulher enquanto evento socialmente constituído, destacando-se o fato de que, na cultura do capitalismo, empreender é uma atividade de poder e, justamente por isso, costuma ser negada à presença feminina. Contribuição social/gerencial: Em adição, a violência é uma reação à mulher empreendedora e funciona como um recurso não legítimo utilizado pelo agressor para manter o status quo do patriarcado, baseado em uma visão assimétrica de poder e de submissão da mulher ao homem. Por conseguinte, a violência se amplia quanto mais as mulheres se equiparam aos homens nos espaços de poder, sofrendo maior ataque a partir de diferentes formas de violência.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Tradução

Referências

Ahl, H., & Marlow, S. (2012). Exploring the dynamics of gender, feminism and entrepreneurship: advancing debate to escape a dead end? Organization, 19 (5), 543-562. https://doi.org/10.1177/1350508412448695.

Arendt, H. (1999). Sobre a violência. (3nd ed.). Rio de Janeiro: Relume Dumará.

Arendt, H. (2011). Sobre a Revolução. São Paulo: Companhia das Letras.

Barbosa, H. M. A., Rocha Neto, M. P., Câmara Júnior, S. L., & Silva, P. M. M. (2021). Gerenciando o Conflito Trabalho-Família no Empreendedorismo Feminino: Evidências de um Estudo com Microempreendedoras Individuais. Revista de Gestão e Secretariado, 12(2), 94-121. https://doi.org/10.7769/gesec.v12i2.1123.

Bizarria, F. P. A., Rodrigues, D. M. A., Silva, G. F., & Barbosa, F. L. S. (2022). Representações sociais sobre empreendedorismo feminino em webséries do Sebrae. Revista Pensamento Contemporâneo em Administração, 16(2), 150-166. https://doi.org/10.12712/rpca.v16i2.53382.

Blay, E. (2014). Violência contra a mulher, um grave problema não solucionado. In: Feminismos e Masculinidades: novos caminhos para enfrentar a violência contra a mulher. São Paulo: Cultura acadêmica, p. 13-28. Recuperado de https://biblio.fflch.usp.br/Blay_EA_35_2696211_ViolenciaContraAMulher.pdf.

Brush, C., Edelman, L.F., Manolova, T., & Welter, F. (2019). A gendered look at entrepreneurship ecosystems. Small Bus Econ 53, 393–408. https://doi.org/10.1007/s11187-018-9992-9.

Bulgacov, Y. L. M., Camargo, D., Cunha, S. K., Meza, M. L., Souza, R. M. B., & Tolfo, S. R. (2011). Atividade empreendedora da mulher brasileira: trabalho precário ou trabalho decente? Psicologia Argumento, 28(63): 337-349. Recuperado de https://periodicos.pucpr.br/psicologiaargumento/article/view/20309.

Cembranel, P., Cardoso, J., & Floriano, L. (2020). Mulheres em Cargos de Liderança e os seus Desafios no Mercado de Trabalho. Revista de Ciências da Administração, 22(57), 57-67. http://dx.doi.org/10.5007/2175-8077.2020.e78116.

Coimbra, D. G., Souza Júnior, A. A., & Moraes, A. F. M. (2020). Aspectos da Dominação Masculina no Processo Sucessório em Empresas Familiares do Setor Automotivo. Revista de Administração IMED, 10(2), 158-177. https://doi.org/10.18256/2237-7956.2020.v10i2.3969.

Cornwall, A. (2018). Além do Empoderamento Light: empoderamento feminino, desenvolvimento neoliberal e justiça global. Cadernos Pagu, (52). https://doi.org/10.1590/18094449201800520002.

Foley, M., Baird, M., Cooper, R., & Williamson, S. (2018). Is independence really an opportunity? The experience of entrepreneur-mothers. Journal of Small Business and Enterprise Development, 25 (2), 313-329. https://doi.org/10.1108/JSBED-10-2017-0306.

Foss, L., Henry, C., Ahl, H., & Mikalsen, G. H. (2019). Women’s entrepreneurship policy research: a 30-year review of the evidence. Small Business Economics, 53, 409-429. https://doi.org/10.1007/s11187-018-9993-8.

Foucault, M. (1988). A História Da Sexualidade I: a vontade de saber. Rio De Janeiro: Edições Graal.

Foucault, M. (1996). A ordem do discurso: aula inaugural no Collège de France, pronunciada em 2 de dezembro de 1970. (15nd ed.). São Paulo: Loyola.

Foucault, M. (1997). História da loucura. (5nd ed.) São Paulo: Perspectiva.

Foucault, M. (2008). A arqueologia do saber. Rio de Janeiro: Forense-Universitária.

Global Entrepreneurship Monitor (2020). Empreendedorismo no Brasil: 2019. Coordenação de Simara Maria de Souza Silveira Greco; diversos autores. Curitiba: IBQP.

Gomes, A. F.; Santana, W. G. P.; Araújo, U. P.; Martins, C. M. F. (2014) Empreendedorismo Feminino como Sujeito de Pesquisa. Revista Brasileira de Gestão de Negócios, 16(51), p. 319-342. https://doi.org/10.7819/rbgn.v16i51.1508.

Gomes, R. N., Balestero, G. S., & Rosa, L. C. F. (2016). Teorias da dominação masculina: uma análise crítica da violência de gênero para uma construção emancipatória. Libertas, 2 (1), 11-34. Recuperado de https://periodicos.ufop.br/libertas/article/view/292.

Greene, P., Hart, M., Gatewood, E., Brush, C., Carter, N., & Stein, G. (2003). Women entrepreneurs moving front and center: an overview of research and theory. [S.l.]: Coleman Foundation and US Association of Small Business and Entrepreneurship, 1-46. Recuperado de https://www.researchgate.net/publication/253659404_Women_Entrepreneurs_Moving_Front_and_Center_An_Overview_of_Research_and_Theory.

Henry, C., Foss, L., & Ahl, H. (2016). Gender and Entrepreneurship Research: A Review of Methodological Approaches. International Small Business Journal, 34, 217-241. https://doi.org/10.1177/0266242614549779.

Iizuka, E. S., & Costa, H. S. (2022). Negócios inclusivos liderados por mulheres empreendedoras: busca por avanços teóricos e empíricos. Cadernos EBAPE.BR, 20(4), 1-19. https://doi.org/10.1590/1679-395120220011.

Jennings, J. E., & Brush, C. G. (2013). Research on women entrepreneurs: challenges to (and from) the broader entrepreneurship literature? The Academy of Management Proceedings, 7 (1), 663-715. https://doi.org/10.1080/19416520.2013.782190.

Kothari T. (2017). Women entrepreneurs’ path to building venture success: lessons from India. South Asian Journal of Business Studies, 6 (2), 118-141. https://doi.org/10.1108/SAJBS-03-2016-0021.

Lara, L. G. A., & Vizeu, F. (2020). Análise crítico-emancipatória de discurso: um ensaio metodológico. Organizações & Sociedade, 27 (94), 484-507. https://doi.org/10.1590/1984-9270945.

Lautier, B. (2009). Desenvolvimento. In H. Hirata, F. Laborie, H. Le Doaré & D. Senotier (Orgs.). Dicionário crítico do feminismo. São Paulo: Editora da UNESP.

Louro, G. L. (1997). Gênero, sexualidade e educação. Uma perspectiva pós-estruturalista. 6. ed. Petrópolis: Vozes.

Morales-Urrutia, X. (2023). Divergence in female entrepreneurial activity: an interna- tional comparison. Estudos Econômicos, 54(1), p. 121-145. https://doi.org/10.1590/1980-53575314xmu.

Pontes, T. L. D., & Dinis, A. R. L. (2022). When the doors open: implications of COVID-19 and the work-family interface for women entrepreneurs. Revista Organizações em Contexto, 18(36), 225-251. http://dx.doi.org/10.15603/1982-8756/roc.v18n36p225-251.

Revel, J. (2005). Michel Foucault: conceitos essenciais. São Carlos: Claraluz.

Saffioti, H. I. B. (1987). O Poder do Macho. São Paulo: Moderna.

Saffioti, H. I. B. (2001). Contribuições feministas para o estudo da violência de gênero. Cadernos Pagu, 16, p. 115-136.

Saffioti, H. I. B. (2004). Gênero, patriarcado, violência. São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo.

Sardenberg, C. M. B. (2004). Da crítica feminista à ciência, a uma ciência feminista? In A. A., Coste, & C. M. B., Sardenberg (Orgs.). Feminismo, ciência e tecnologia. Salvador: Neim/Ufba: Redor, 89-120.

Scott, J. W. G. (1987). On Language, Gender, and Working-Class History. Journal Article: International Labor and Working-Class History, 31, 1-13. Recuperado de https://www.jstor.org/stable/27671669.

Scott, J. W. G. (1995). Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Educação & Realidade, 20 (2), l71-199. Recuperado de https://seer.ufrgs.br/index.php/educacaoerealidade/article/view/71721.

Scott, J. W. G. (2012). Os Usos e Abusos do Gênero. Projeto História, (45), 327-351. Recuperado de https://revistas.pucsp.br/index.php/revph/article/view/15018.

Segato, R. L. (2003). Las Estructuras Elementales de La Violencia. Ensayos sobre Género entre La Antropología, El Psicoanálisis Y Los Derechos Humanos. Bernal: Universidad De Quilmes.

Siqueira, T. L. (2008). Joan Scott e o papel da história na construção das relações de gênero. Revista Artemis, 8, 110-118. Recuperado de https://repositorio.ufba.br/bitstream/ri/2857/1/2310-3525-1-PB.pdf.

Souza, T., & Cascaes, T. R. (2008). Gênero e Poder: categorias úteis na análise histórica da Ciência e da Tecnologia. Divers@ Revista Eletrônica Interdisciplinar, 1 83-89. Recuperado de https://revistas.ufpr.br/diver/article/view/34041/21201.

Souza, L. D. P.; Silva, I. P. A.; Costa, L. A. (2022). Implementação e implicações da ação política de fortalecimento ao empreendedorismo feminino. Revista Brasileira de Políticas Públicas e Internacionais, 7(2), p. 158-183. https://10.22478/ufpb.2525-5584.2022v7n2.62512.

Versiani, F., Mota-santos, C., Carvalho Neto, A., & Caeiro, M. L. (2021). Consequências (não) premeditadas do empreendedorismo para a mulher. Revista de Administração FACES Journal, 20(2), 10-28. Recuperado de http://revista.fumec.br/index.php/facesp/article/view/7565.

Publicado

15-08-2024

Como Citar

Fabrício, J. dos S., & Vizeu, F. (2024). Por uma ressignificação do empreendedorismo feminino a partir de três visões filosóficas sobre o gênero e poder. REGEPE Entrepreneurship and Small Business Journal, 13(3), e2564. https://doi.org/10.14211/regepe.esbj.e2564