Percepção de estereótipos de gênero na intenção de empreender na área de tecnologia da informação: Um estudo qualitativo com estudantes de graduação de uma universidade federal

Autores

DOI:

10.14211/regepe.esbj.e2644

Palavras-chave:

Empreendedorismo feminino, Estereótipos de gênero, Ensino superior, Machismo

Resumo

O objetivo deste trabalho é compreender como mulheres em formação de ensino superior em Tecnologia da Informação (TI) percebem a influência do estereótipo de gênero na intenção de empreender em sua área de atuação. Por meio de pesquisa qualitativa básica, foram realizadas nove entrevistas semiestruturadas com alunas do curso de Bacharelado em Tecnologia da Informação (BTI) de uma universidade federal brasileira. Como estratégia de análise, empregou-se a análise de conteúdo, na modalidade temática/categorial, com apoio do software ATLAS.ti®. Os principais resultados evidenciaram que os estereótipos de gênero são comuns no setor de TI e que a inserção das mulheres no empreendedorismo tende a ser afetada por essa percepção. Como contribuições teóricas, observou-se uma carência da autorrepresentação feminina em posições de liderança em negócios, e o machismo foi percebido como um problema social e uma causa das desigualdades relatadas. A relevância deste artigo reside na lacuna existente na literatura sobre empreendedorismo feminino sob a ótica dos estereótipos de gênero, especialmente no ramo da TI. As contribuições sociais para a gestão consistem na produção de insights sobre a problemática do empreendedorismo feminino no setor de TI, área com pouca pesquisa empírica sobre o assunto, o que pode auxiliar no desenvolvimento de políticas públicas e iniciativas que promovam a igualdade de gênero e o empoderamento das mulheres nesse campo.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Tradução

Referências

Adamus, M., Čavojová, V., & Šrol, J. (2021). The impact of stereotyped perceptions of entrepreneurship and gender-role orientation on Slovak women’s entrepreneurial intentions. Gender in Management: An International Journal, 36(6), 745–761. https://doi.org/10.1108/gm-06-2020-0179

‌Adom, K., & Anambane, G. (2019). Understanding the role of culture and gender stereotypes in women entrepreneurship through the lens of the stereotype threat theory. Journal of Entrepreneurship in Emerging Economies, 12(1), 100–124. https://doi.org/10.1108/jeee-07-2018-0070

Appel, M., & Weber, S. (2021). Do Mass Mediated Stereotypes Harm Members of Negatively Stereotyped Groups? A Meta-Analytical Review on Media-Generated Stereotype Threat and Stereotype Lift. Communication Research, 48(2), 151–179. https://doi.org/10.1177/0093650217715543

Balachandra, L., Briggs, T., Eddleston, K., & Brush, C. (2019). Don’t Pitch Like a Girl!: How Gender Stereotypes Influence Investor Decisions. Entrepreneurship Theory and Practice, 43(1), 116-137. https://doi.org/10.1177/1042258717728028

Bardin, L. (2016). Análise de conteúdo. São Paulo: Edição 70.

Bem, S. L. (1974). The Measurement of Psychological Androgyny. Journal of Consulting and Clinical Psychology, 42(2), 155–162. https://doi.org/10.1037/h0036215

Bem, S. L. (1981). Bem sex role inventory. Journal of personality and social psychology. https://doi.org/10.1037/t00748-000.

Borges, L. A. P. (2022). Estereótipos de gênero na intenção empreendedora de universitárias da área de tecnologia da informação. Dissertação (Mestrado em Administração), Universidade Federal do Rio Grande do Norte. https://bdtd.ibict.br/vufind/Record/UFRN_cfb2324a4eee5af027977d1fc2968239

Borges, L. de A. P., Ramos, A. S. M., & Ferraz, J. (2022). Intenção empreendedora feminina sob a perspectiva dos estereótipos na área de TI: uma revisão sistemática. https://submissao.semead.com.br/25semead/anais/arquivos/1801.pdf

Bourdieu, P. (2001). Masculine domination. Stanford University Press.

BRASSCOM. (2022). Relatório de Diversidade no Setor de TIC 2022. Brasília, DF, 2022. https://brasscom.org.br/relatorio-diversidade-2022/

Bruni, A., Gherardi, S., & Poggio, B. (2004). Entrepreneur‐mentality, gender and the study of women entrepreneurs. Journal of Organizational Change Management, 17(3), 256–268. https://doi.org/10.1108/09534810410538315

Brush, C. G., Greene, P. G., Balachandra, L., & Davis, A. E. (2019). The gender gap in venture capital-Progress, problems, and perspectives. Venture Capital, 21(2-3), 115-136. https://doi.org/10.1080/13691066.2017.1349266

Budig, M. J., & England, P. (2001). The wage penalty for motherhood. American Sociological Review, 66(2), 204-225. https://doi.org/10.1177/000312240106600203

Carreira, S. da S., Franzoni, A. B., Esper, A. J. F., Pacheco, D. C., Gramkow, F. B., & Carreira, M. F. (2015). Empreendedorismo feminino: um estudo fenomenológico. Navus - Revista de Gestão E Tecnologia, 5(2), 06-13. https://doi.org/10.22279/navus.2015.v5n2.p06-13.208

César Machado, J., Fonseca, B., & Martins, C. (2021). Brand logo and brand gender: examining the effects of natural logo designs and color on brand gender perceptions and affect. Journal of Brand Management, 28(2), 152-170. https://doi.org/10.1057/s41262-020-00216-4

Cheryan, S., Ziegler, S. A., Montoya, A. K., & Jiang, L. (2017). Why are some STEM fields more gender balanced than others? Psychological Bulletin, 143(1), 1-35. https://doi.org/10.1037/bul0000052

Correll, S. J., Benard, S., & Paik, I. (2007). Getting a job: Is there a motherhood penalty? American Journal of Sociology, 112(5), 1297-1338. https://doi.org/10.1086/511799

Crabtree, B. F., & Miller, W. L. (1999). Doing qualitative research. Sage.

Davies, P. G., Spencer, S. J., & Steele, C. M. (2005). Clearing the Air: Identity Safety Moderates the Effects of Stereotype Threat on Women’s Leadership Aspirations. Journal of Personality and Social Psychology, 88(2), 276–287. https://doi.org/10.1037/0022-3514.88.2.276

Eagly, A. H., & Karau, S. J. (2002). Role congruity theory of prejudice toward female leaders. Psychological Review, 109(3), 573–598. https://doi.org/10.1037/0033-295X.109.3.573

Engels, F. (2019). A origem da família, da propriedade privada e do Estado: Em conexão com as pesquisas de Lewis H. Morgan. Boitempo Editorial.

Faulkner, W. (2007). 'Nuts and Bolts and People': Gender-Troubled Engineering Identities. Social Studies of Science, 37(3), 331-356.

Federici, S. (2004). Caliban and the Witch: Women, the Body and Primitive Accumulation. Autonomedia.

Ferraz, J. M. (2020). Não são gigantes, são moinhos de vento: As desventuras dos/as empreendedores/as em terra brasilis. Caderno De Administração, 28, 76-81. https://doi.org/10.4025/cadadm.v28i0.53675

Flick, U. (2013). The SAGE handbook of qualitative data analysis. Sage.

Gibbs, G. (2009). Análise de dados qualitativos: coleção pesquisa qualitativa. Bookman Editora.

Gimenez, F. A. P., Ferreira, J. M., & Ramos, S. C. (2017). Empreendedorismo Feminino no Brasil: Gênese e Formação de Um Campo de Pesquisa. REGEPE Entrepreneurship and Small Business Journal, 6(1), 40–74. https://doi.org/10.14211/regepe.v6i1.450

Glass, J. L., Sassler, S., Levitte, Y., & Michelmore, K. M. (2013). What's so special about STEM? A comparison of women's retention in STEM and professional occupations. Social Forces, 92(2), 723-756.

Guimarães, L. de V., Oltramari, A. P., Maca, D., Ferraz, J. de M., Oliveira, J. S. de., & Sarayed-Din, L. F. L.. (2023). Mulheres Exaustas: Sobre Incômodos e o Fazer Ciência na Contemporaneidade. Revista De Administração Contemporânea, 27(5), e230201. https://doi.org/10.1590/1982-7849rac2023230201.por

Gupta, V. K., Turban, D. B., & Pareek, A. (2013). Differences between men and women in opportunity evaluation as a function of gender stereotypes and stereotype activation. Entrepreneurship Theory and Practice, 37(4), 771-788. https://doi.org/10.1111/j.1540-6520.2012.00512.x

Heilman, M. E. (2001). Description and prescription: How gender stereotypes prevent women's ascent up the organizational ladder. Journal of Social Issues, 57(4), 657–674. https://doi.org/10.1111/0022-4537.00234

IBGE. (2021). Pnad Contínua: Acesso e utilização de TIC e indicadores de produção e rendimento. https://www.ibge.gov.br/estatisticas/sociais/trabalho/9171-pesquisa-nacional-por-amostra-de-domicilios-continua-mensal.html

Jonathan, E. G. (2003). Empreendedorismo feminino no setor tecnológico brasileiro: Dificuldades e tendências. In Anais do III Encontro de Empreendedorismo e Gestão de Pequenas Empresas (pp. 41-53). UEM/UEL/UnB. https://anegepe.org.br/wp-content/uploads/2021/09/04.pdf.

Jonathan, E. G., & Silva, T. M. R. da. (2007). Empreendedorismo feminino: tecendo a trama de demandas conflitantes. Psicologia & Sociedade, 19, 77–84. https://doi.org/10.1590/S0102-71822007000100011

Kaspersky. (2021). Women in tech report - Where are we now? Understanding the evolution of women in technology. Kaspersky.com. https://www.mtlc.co/kaspersky-women-in-tech-report-where-are-we-now-understanding-the-evolution-of-women-in-technology/

Kray, L. J., Galinsky, A. D., & Thompson, L. (2002). Reversing the Gender Gap in Negotiations: An Exploration of Stereotype Regeneration. Organizational Behavior and Human Decision Processes, 87(2), 386–410. https://doi.org/10.1006/obhd.2001.2979

Lages, S. R. C. (2005). Desafios do empreendedorismo feminino: uma reflexão sobre as dificuldades das mulheres pobres na condução de projetos geradores de renda. Revista Estação Científica, 1, 1-7. https://estacio.periodicoscientificos.com.br/index.php/estacaocientifica/article/view/2156

Lazaretti, B. (2020). Mulheres avançam na área de tecnologia, mas diferença de salários aumenta. Uol.com.br. https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2020/10/06/mulheres-avancam-na-area-de-tecnologia-mas-diferenca-de-salarios-aumenta.htm

Machado, H. P. V; Gazola, S.; Anez, M. E. M. (2013). Creation of enterprises by women: a study with entrepreneurs in Natal, Rio Grande do Norte. Revista de Administração Mackenzie, 14(5), 177-200.

Malmström, M. & Öqvist, A. (2021). Constructing an Entrepreneurial Identity: How Enterprise Intentions Among Young People are Motivationally Formed. Entrepreneurship Research Journal, 14(1), 187-224. https://doi.org/10.1515/erj-2017-0165

Merriam, S. B., & Tisdell, E. J. (2015). Qualitative research: A guide to design and implementation. 4.ed, San Francisco: John Wiley & Sons.

Metcalf, H. (2010). Stuck in the pipeline: A critical review of STEM workforce literature. InterActions: UCLA Journal of Education and Information Studies, 6(2).

Miguel, L. F., & Biroli, F. (2014). Feminismo e política: uma introdução. São Paulo: Boitempo. Recurso digital.

Needle, D. (2022). Estatísticas sobre mulheres em tecnologia: Últimas pesquisas e tendências. ComputerWeekly.com. https://www.computerweekly.com/br/reportagen/Estatisticas-sobre-mulheres-em-tecnologia-Ultimas-pesquisas-e-tendencias.

Perez-Quintana, A., & Hormiga, E. (2015). The role of androgynous gender stereotypes in entrepreneurship. UB BUSINESS–Working Papers, Col lecció d’Empresa, UBBusiness- B15/02.

Petró, V., Ferreira, V., Muller, R., Hahn, J., & Assmann, L. (2021). Discriminação de gênero e inserção de meninas na área de TI. IN: Anais do XV Women in Information Technology. SBS, 61-70. https://doi.org/10.5753/wit.2021.15842.

Romano, S. M. V., Espíndola, M. G.; Santos, T. N. (2020). A discriminação de gênero na TI e seus impactos na sociedade. Revista Processando o Saber, 12, 146-162.

Saffioti, H. (2013) [1969]. A mulher na sociedade de classes: mito e realidade. São Paulo: Expressão Popular.

Saffioti, H. (2014). Gênero, patriarcado, violência. Ministério Público do Estado da Bahia.

Saffioti, H. (2015). Gênero, patriarcado, violência. 2ª ed. São Paulo: Expressão Popular: Fundação Perseu Abramo.

Santos, I. J. (2018). Ameaça do estereótipo em jovens negros na escolha profissional. [Dissertação de mestrado, Universidade Federal de Sergipe]. Mestrado em Psicologia Social, Sergipe, SE.

Sampieri, R., & Collado, F. C. L. (2013). Metodologia de la Investigación, México:McGraw-Hill Interamericana.

Saunders, M., Lewis, P., & Thornhill, A. (2009). Research methods for business students. 5 ed. Pitman Publishing, Inglaterra.

Silveira, C. M. H., & Costa, R. (2012). Patriarcado e capitalismo: Binômio dominação- exploração nas relações de gênero. IV Seminário Nacional Trabalho e Gênero.

Souza, M. D. (2020). Ser trabalhadora produtiva é antes um azar: A expansão da exploração capitalista sobre o trabalho reprodutivo. [Dissertação de Mestrado], Universidade Federal de Minas Gerais. http://hdl.handle.net/1843/33344

Souza, M. D., Ferraz, D. L. S., & Ferraz, J. M. (2021). As mulheres conforme a administração: uma ciência para a manutenção da opressão e da exploração?. Revista Eletrônica de Ciência Administrativa, [S.l.], 20(3), 509-534. https://doi.org/10.21529/RECADM.2021018.

Souza, R. A. D., Dias, G. F., Silva, R. R. D., & Ramos, A. S. M. (2019). Efeitos dos softwares de analyses de dados qualitativos na qualidade de pesquisas. Revista de Administração Contemporânea, 23, 373-394. https://doi.org/10.1590/1982-7849rac2019170357.

Steele, C. M. (1997). A Threat in the Air: How Stereotypes Shape Intellectual Identity and Performance. American Psychologist, 52(6), 613–629. https://doi.org/10.1037/0003-066X.52.6.613.

Steele, C. M., & Aronson, J. (1995). Stereotype Threat and the Intellectual Test Performance of African Americans. Journal of Personality and Social Psychology, 69(5), 797–811. https://doi.org/10.1037/0022-3514.69.5.797.

Sullivan, A. M., Michelle , M., Marion , M., Burke, R. M., Burks, B., Jaeger, O., Nematzadeh , A., Posey, M., White, L., Darden, K., Krief, A., Mennen, H., Schumacher, V., & Dimitrijevic, A. (2020). The Changing Face of Tech. S&P Global. https://www.spglobal.com/en/research-insights/special-reports/the-changing-face-of-tech.

Sweida, G. L., & Reichard, R. J. (2013). Gender stereotyping effects on entrepreneurial self‐efficacy and high‐growth entrepreneurial intention. Journal of small business and enterprise development, 20(2), 296-313. https://doi.org/10.1108/14626001311326743.

Tonelli, M. J. (2023). Nada de novo no front: As mulheres no mercado de trabalho. Revista De Administração Contemporânea, 27(5), e230210. https://doi.org/10.1590/1982-7849rac2023230210.por.

Van Maanen, J. (1979). Reclaiming qualitative methods for organizational research: A preface, Administrative Science quarterly, 24(4), 520-526. https://doi.org/10.2307/2392358.

Visentini. Í. S., Donida, A., & Ferreira, L. S. (2021). Gênero e TI: Qual o lugar das mulheres na área de tecnologia? CSONLINE-revista eletrônica de ciências sociais, 34, 13-37. https://doi.org/10.34019/1981-2140.2021.34594.

Vogel, L. (2022). Marxismo e a opressão às mulheres: rumo a uma teoria unitária. São Paulo: Expressão Popular.

Publicado

19-02-2025

Métricas


Visualizações do artigo: 40     PDF (English) downloads: 11 Audio (English) downloads: 3 Video (English) downloads: 3

Como Citar

Borges, L., Ramos, A., & Ferraz, J. (2025). Percepção de estereótipos de gênero na intenção de empreender na área de tecnologia da informação: Um estudo qualitativo com estudantes de graduação de uma universidade federal. REGEPE Entrepreneurship and Small Business Journal, 14, e2644. https://doi.org/10.14211/regepe.esbj.e2644

Edição

Seção

Artigo de pesquisa (Teórico-empírico)

Dados de financiamento

Declaração de dados

  • Os dados de pesquisa não podem ser disponibilizados publicamente

    • Conforme informado aos(as) participantes no TCLE "os dados que você irá nos fornecer serão confidenciais e serão divulgados apenas em congressos ou publicações científicas, sempre de forma anônima, não havendo divulgação de nenhum dado que possa lhe identificar"

Artigos Semelhantes

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 > >> 

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.