O que fazer quando as grades se abrem? Motivações empreendedoras e crenças individuais de egressos de penitenciárias
DOI:
10.14211/regepe.e1938Palavras-chave:
Motivação Empreendedora, Crenças Salientes, Penitenciária.Resumo
Objetivo: investigar as motivações empreendedoras e as crenças individuais de egressos de penitenciárias cearenses no que diz respeito a abrir o próprio negócio, segundo a teoria do comportamento planejado. Metodologia/Abordagem: realizou-se uma investigação de abordagem qualitativa, com 11 egressos do sistema prisional cearense. Os dados, coletados por meio de entrevista semiestruturada, foram examinados com o auxílio do software Atlas-ti, pelas técnicas de análise de conteúdo e pattern matching. Resultados: os egressos manifestaram a intenção de abrir o próprio negócio, motivados por necessidade, oportunidades e realização pessoal; sob a influência das crenças comportamentais, normativas e de controle percebido. Contribuições teóricas/metodológicas: com base na teoria do comportamento planejado, o estudo promove e amplia a discussão sobre o empreendedorismo após um período de privação de liberdade, identificando as crenças que antecedem a intenção empreendedora. Relevância/Originalidade: os achados se contrapõem à classificação dicotômica da motivação empreendedora, descrita pelo Global Entrepreneurship Monitor; e ratificam a importância da influência dos referentes sociais na construção das crenças normativas, percebidas como facilitadoras da intenção comportamental (frequentemente confundidas com as crenças de controle percebido). Contribuições sociais: o reconhecimento da baixa empregabilidade de ex-detentos como um problema de gestão, que pode ser um início para o debate de estratégias voltadas à minimização dos impactos negativos advindos dessa situação. Este estudo, desse modo, promove o convite ao esforço conjunto entre poder público, população e academia, com fins de rever e mitigar, respectivamente, paradigmas e preconceitos relacionados aos ex-infratores pela sociedade.
Downloads
Referências
Agolla, J. E., Monametsi, G. L., & Phera, P. (2019). Antecedents of entrepreneurial intentions amongst business students in a tertiary institution. Asia Pacific Journal of Innovation and Entrepreneurship, 13(2), 138-152. https://doi.org/10.1108/APJIE-06-2018-0037
Ajzen, I. (1991). The theory of planned behavior. Organizational Behavior and Human Decision Processes, 50 (2), 179-211. https://doi.org/10.1016/0749-5978(91)90020-T
Alós, R., Esteban, F., Jódar, P., & Miguélez, F. (2015). Effects of prison work programmes on the employability of ex-prisoners. European Journal of Criminology, 12(1), 35-50. https://doi.org/10.1177/1477370814538776
Alstete, J. W. (2008). Aspects of entrepreneurial success. Journal of Small Business and Enterprise Development, 15(3), 584-594. https://doi.org/10.1108/14626000810892364
Angulo-Guerrero, M. J., Pérez-Moreno, S., & Abad-Guerrero, I. M. (2017). How economic freedom affects opportunity and necessity entrepreneurship in the OECD countries. Journal of Business Research, 73, 30-37. https://doi.org/10.1016/j.jbusres.2016.11.017
Bardin, L. (2011). Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70.
Barros, I. C. F., Madruga, L. R. D. R. G., Ávila, L. V., & Beuron, T. A. (2014). Atitude empreendedora na percepção de empreendedores individuais e sociais. Revista de Contabilidade e Organizações, 8(21), 36-45. https://doi.org/10.11606/rco.v8i21.60067
Behling, G., Pereira, C. M. D., Mazzoleni, E. C., Baccin, S. S., & Lenzi, F. C. (2015). Microempreendedor individual catarinense: uma análise descritiva do perfil dos empreendedores individuais em Santa Catarina. Navus – Revista de Gestão e Tecnologia, 5(1), 65-78. Recuperado de https://www.redalyc.org/pdf/3504/350450615006.pdf
Block, J. H., & Wagner, M. (2010). Necessity and opportunity entrepreneurs in Germany: characteristics and earnings differentials. Schmalenbach Business Review, 62(2), 154-174. https://doi.org/10.1007/BF03396803
Carsrud, A., & Brännback, M. (2011). Entrepreneurial motivations: what do we still need to know? Journal of Small Business Management, 49(1), 9-26. https://doi.org/10.1111/j.1540-627X.2010.00312.x
Carter, N. M., Gartner, W. B., Shaver, K. G., & Gatewood, E. J. (2003). The career reasons of nascent entrepreneurs. Journal of Business Venturing, 18(1), 13-39. https://doi.org/10.1016/S0883-9026(02)00078-2
Cavazos-Arroyo, J., Puente-Díaz, R., & Agarwal, N. (2017). An examination of certain antecedents of social entrepreneurial intentions among Mexico residents. Revista Brasileira de Gestão de Negócios, 19(64), 180-199. https://doi.org/10.7819/rbgn.v19i64.3129
Cordeiro, A. M. (2019). A educação nas prisões. ID online – Revista Multidisciplinar e de Psicologia, 13(48), 214-223. https://doi.org/10.14295/idonline.v13i48.2155
Costelloe, A., & Langelid, T. (2011). Prison Education and Training in Europe – A review and commentary of existing literature, analysis and evaluation. Directorate General for Education and Culture, European Commission, EAC, 19, 106-130. Recuperado de https://www.voced.edu.au/content/ngv:57679
Ephrem, A. N., Namatovu, R., & Basalirwa, E. M. (2019). Perceived social norms, psychological capital and entrepreneurial intention among undergraduate students in Bukavu. Education + Training, 61(7-8), 963-983. https://doi.org/10.1108/ET-10-2018-0212
Ferreira, A. S. M., Loiola, E., & Gondim, S. M. G. (2017). Preditores individuais e contextuais da intenção empreendedora entre universitários: revisão de literatura. Cadernos Ebape Br, 15(2), 292-308. https://doi.org/10.1590/1679-395159595
Ferri, L., Ginesti, G., Spano, R., & Zampella, A. (2019). Exploring factors motivating entrepreneurial intentions: the case of Italian university students. International Journal of Training and Development, 23(3), 202-220. https://doi.org/10.1111/ijtd.12158
Fossen, F. M., & Büttner, T. J. (2013). The returns to education for opportunity entrepreneurs, necessity entrepreneurs, and paid employees. Economics of Education Review, 37, 66-84. https://doi.org/10.1016/j.econedurev.2013.08.005
Global Entrepreneurship Monitor (GEM). (2017). Empreendedorismo no Brasil 2016. Recuperado de https://www.gemconsortium.org/report
Governo do Estado do Ceará. (2017). Sejus entrega carrinhos de lanche para egressos do sistema penitenciário. Recuperado de https://www.ceara.gov.br/2017/05/25/sejus-entrega-carrinhos-de-lanche-para-egressos-do-sistema-penitenciario/
Gray, D. E. (2012). Pesquisa no mundo real (2a. ed.). Porto Alegre: Penso.
Grosholz, J. M., Kabongo, J. D., Morris, M. H., & Wichern, A. (2020). Entrepreneurship education in the transformation of incarcerated individuals: A Review of the literature and future research directions, International Journal of Offender Therapy and Comparative Criminology, 64(15),1551-1570. https://doi.org/10.1177/0306624X20928020
Holzer, H. J., Raphael, S., & Stoll, M. A. (2003). Employment barriers facing ex-offenders [Working Paper]. The Urban Institute Reentry Roundtable, Employment Dimensions of Re-Entry: Understanding the Nexus Between Prisoner Reentry and Work, New York, NY, USA.
Hoppe, A., Barcellos, M. D., Vieira, L. M., & Matos, C. A. (2012). Comportamento do consumidor de produtos orgânicos: uma aplicação da teoria do comportamento planejado. Revista de Administração e Contabilidade da Unisinos – Base, 9(2), 174-188. https://doi.org/10.4013/base.2012.92.06
Ireland, T. D. (2012). Educação em prisões no Brasil: direito, contradições e desafios. Em Aberto, 24(86), 19-39.
Kautonen, T., & Palmroos, J. (2010). The impact of a necessity-based start-up on subsequent entrepreneurial satisfaction. International Entrepreneurship and Management Journal, 6(3), 285-300. https://doi.org/10.1007/s11365-008-0104-1
Keena, L., & Simmons, C. (2015). Rethink, reform, reenter: an entrepreneurial approach to prison programming. International Journal of Offender Therapy and Comparative Criminology, 59(8), 837-854. https://doi.org/10.1177/0306624X14523077
Liñán, F., & Chen, Y. W. (2009). Development and Cross-Cultural application of a specific instrument to measure entrepreneurial intentions. Entrepreneurship Theory and Practice, 33(3), 593-617. https://doi.org/10.1111/j.1540-6520.2009.00318.x
Martins, F. S., Santos, E. B. A., & Silveira, A. (2018). Intenção empreendedora: categorização, classificação de constructos e proposição de modelo. Brazilian Business Review, 16(1), 46-62. https://doi.org/10.15728/bbr.2019.16.1.4
Mcclelland, D. (1972). A sociedade competitiva: Realização e progresso social. Rio de Janeiro: Expressão e Cultura.
Moraes, C., Simões, D., & Gonçalves, E. (2017). Educação no cárcere: uma análise dos processos educativos no Centro de Reeducação Feminina de Ananindeua/Pará. Revista Pedagogia Social UFF, 2(2) 1-20.
Minola, T., Criaco, G., & Obschonka, M. (2016). Age, culture, and self-employment motivation. Small Business Economics, 46(2), 187-213. https://doi.org/10.1007/s11187-015-9685-6
Pastore, J. (2011). Trabalho para ex-infratores. São Paulo: Saraiva.
Patzelt, H., Williams, T. A., & Shepherd, D. A. (2014). Overcoming the walls that constrain us: the role of entrepreneurship education programs in prison. Academy of Management Learning & Education, 13(4), 587-620. https://doi.org/10.5465/amle.2013.0094
Paul, J., Hermel, P., & Srivatava, A. (2017). Entrepreneurial intentions – theory and evidence from Asia, America, and Europe. Journal of International Entrepreneurship, 15(3), 324-351. https://doi.org/10.1007/s10843-017-0208-1
Rodermund, E. S. (2004). Pathways to successful entrepreneurship: parenting, personality, early entrepreneurial competence and interests. Journal of Vocational Behavior, 65(3), 498-518. https://doi.org/10.1016/j.jvb.2003.10.007
Sarasvathy, S. D. (2004). Constructing corridors to economic primitives. Entrepreneurial opportunities as demand-side artifacts. In J. E. Butler (Ed.), Opportunity Identification and Entrepreneurial Behavior (pp. 291-312). Charlotte, USA: Information Age Publishing Inc.
Schlaegel, C., & Koenig, M. (2014). Determinants of entrepreneurial intent: a meta–analytic test and integration of competing models. Entrepreneurship, Theory and Practice, 38(2), 291-332. https://doi.org/10.1111/etap.12087
Silva, C. L. O., & Saraiva, L. A. S. (2013). Lugares, discursos e subjetividades nas organizações: o caso de uma prisão. Cadernos Ebape Br, 11(3), 383-401. https://doi.org/10.1590/S1679-39512013000300005
Souza, E. M., Costa, A. S. M., & Lopes, B. C. (2019). Ressocialização, trabalho e resistência: mulheres encarceradas e a produção do sujeito delinquente. Cadernos Ebape Br, 17(2), 362-374. https://doi.org/10.1590/1679-395171382
Thiry-Cherques, H. R. (2009). Saturação em pesquisa qualitativa: estimativa empírica de dimensionamento. Revista PMKT, 3(2), 20-27.
Trochim, W. M. K. (1989). Outcome pattern matching and program theory. Evolution and Program Planning, 12(4), 355-66. https://doi.org/10.1016/0149-7189(89)90052-9
Vale, G. M. V., Corrêa, V. S., & Reis, R. F. (2014). Motivações para o empreendedorismo: necessidade versus oportunidade? Revista de Administração Contemporânea,18(3), 311-327. https://doi.org/10.1590/1982-7849rac20141612
Van der Zwan, P., Thurik, R., Verheul, I., & Hessels, J. (2016). Factors influencing the entrepreneurial engagement of opportunity and necessity entrepreneurs. Eurasian Business Review, 6, 273-295. https://doi.org/10.1007/s40821-016-0065-1
Van Gelderen, M. (2010). Autonomy as the guiding aim of entrepreneurship education. Education + Training, 52(8-9), 710-721. https://doi.org/10.1108/00400911011089006
Vergara, S. C. (2003). Projetos e relatórios de pesquisa em administração (4a. ed.). São Paulo: Atlas.
Wilson, D. B., Gallagher, C. A., & MacKenzie, D. L. (2000). A meta-analysis of corrections-based education, vocation, and work programs for adult offenders. Journal of research in crime and delinquency, 37(4), 347-368. https://doi.org/10.1177/0022427800037004001
Yitshaki, R., & Kropp, F. (2016). Motivations and opportunity recognition of social entrepreneurs. Journal of Small Business Management, 54(2), 546-565. https://doi.org/10.1111/jsbm.12157
Downloads
Publicado
Métricas
Visualizações do artigo: 695 PDF downloads: 72 PDF (English) downloads: 50
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2021 Larissa Cavalcante Albuquerque , Evangelina da Silva Sousa, Raimundo Eduardo Silveira Fontenele, Tereza Cristina Batista de Lima
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
- O(s)/A(s) autor(es)/autora(s) autorizam a publicação do texto na revista;
- A revista não se responsabiliza pelas opiniões, ideias e conceitos emitidos nos textos, por serem de inteira responsabilidade de seus autores/autoras;
- Autores/autoras mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho publicado sob a Licença CC BY 4.0, que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista;
- Autores/autoras são permitidos e encorajados a postar seu trabalho (Versão submetida, Versão aceita [Manuscrito aceito pelo autor/autora] ou Versão publicada [Versão do registro]) online, por exemplo, em repositórios institucionais ou preprints, pois isso pode levar a trocas produtivas, bem como a citações anteriores e maiores de trabalhos publicados. A REGEPE pede como condição política para os autores/autoras que indiquem/vinculem o artigo publicado com DOI. Veja o Efeito do Acesso Livre.