O que fazer quando as grades se abrem? Motivações empreendedoras e crenças individuais de egressos de penitenciárias

Autores

  • Larissa Cavalcante Albuquerque larissa_cavalcante@gmail.com
    Faculdade de Economia, Administração, Atuária e Contabilidade (FEAAC), Universidade Federal do Ceará (UFC), Fortaleza, CE, Brasil
  • Evangelina da Silva Sousa evangelinasousa@gmail.com
    Faculdade de Economia, Administração, Atuária e Contabilidade (FEAAC), Universidade Federal do Ceará (UFC), Fortaleza, CE, Brasil
    https://orcid.org/0000-0002-8455-1824
  • Raimundo Eduardo Silveira Fontenele prof.eduardo.fontenele@gmail.com
    Faculdade de Economia, Administração, Atuária e Contabilidade (FEAAC), Universidade Federal do Ceará (UFC), Fortaleza, CE, Brasil
  • Tereza Cristina Batista de Lima tcblima@uol.com.br
    Faculdade de Economia, Administração, Atuária e Contabilidade (FEAAC), Universidade Federal do Ceará (UFC), Fortaleza, CE, Brasil
    https://orcid.org/0000-0002-6594-4921

DOI:

10.14211/regepe.e1938

Palavras-chave:

Motivação Empreendedora, Crenças Salientes, Penitenciária.

Resumo

Objetivo: investigar as motivações empreendedoras e as crenças individuais de egressos de penitenciárias cearenses no que diz respeito a abrir o próprio negócio, segundo a teoria do comportamento planejado. Metodologia/Abordagem: realizou-se uma investigação de abordagem qualitativa, com 11 egressos do sistema prisional cearense. Os dados, coletados por meio de entrevista semiestruturada, foram examinados com o auxílio do software Atlas-ti, pelas técnicas de análise de conteúdo e pattern matching. Resultados: os egressos manifestaram a intenção de abrir o próprio negócio, motivados por necessidade, oportunidades e realização pessoal; sob a influência das crenças comportamentais, normativas e de controle percebido. Contribuições teóricas/metodológicas: com base na teoria do comportamento planejado, o estudo promove e amplia a discussão sobre o empreendedorismo após um período de privação de liberdade, identificando as crenças que antecedem a intenção empreendedora. Relevância/Originalidade: os achados se contrapõem à classificação dicotômica da motivação empreendedora, descrita pelo Global Entrepreneurship Monitor; e ratificam a importância da influência dos referentes sociais na construção das crenças normativas, percebidas como facilitadoras da intenção comportamental (frequentemente confundidas com as crenças de controle percebido). Contribuições sociais: o reconhecimento da baixa empregabilidade de ex-detentos como um problema de gestão, que pode ser um início para o debate de estratégias voltadas à minimização dos impactos negativos advindos dessa situação. Este estudo, desse modo, promove o convite ao esforço conjunto entre poder público, população e academia, com fins de rever e mitigar, respectivamente, paradigmas e preconceitos relacionados aos ex-infratores pela sociedade.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Larissa Cavalcante Albuquerque , Faculdade de Economia, Administração, Atuária e Contabilidade (FEAAC), Universidade Federal do Ceará (UFC), Fortaleza, CE, Brasil

é Coordenadora Acadêmica da UNIFANOR. Mestre em Administração e Controladoria pela Universidade Federal do Ceará (UFC) e Graduada em Comunicação Social com habilitação em Publicidade e Propaganda pela UFC. Suas áreas de interesse incluem Empreendedorismo e Marketing.

Evangelina da Silva Sousa, Faculdade de Economia, Administração, Atuária e Contabilidade (FEAAC), Universidade Federal do Ceará (UFC), Fortaleza, CE, Brasil

é Administradora da Universidade Federal do Piauí (UFPI). Doutora em Administração e Controladoria pela Universidade Federal do Ceará (UFC), Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente pela UFPI e Graduada em Administração pela UFPI. Suas áreas de interesse incluem sustentabilidade, consumo, intenção comportamental e empreendedorismo.

Raimundo Eduardo Silveira Fontenele, Faculdade de Economia, Administração, Atuária e Contabilidade (FEAAC), Universidade Federal do Ceará (UFC), Fortaleza, CE, Brasil

é Professor Titular do Curso de Ciências Econômicas da Universidade Federal do Ceará (UFC) e do Programa de Pós-Graduação em Administração e Controladoria da UFC. Doutor em Ciências Econômicas - Université Sorbonne Paris-Nord, Mestre em Economia Rural pela UFC e Graduado em Ciências Econômicas pela Universidade de Fortaleza (UNIFOR). Suas áreas de interesse na área de Economia e Administração, incluem Avaliação Econômica de Projetos, Desenvolvimento Sustentável e Economia de Recursos Naturais, Empreendedorismo e Planejamento e Políticas Públicas.

Tereza Cristina Batista de Lima, Faculdade de Economia, Administração, Atuária e Contabilidade (FEAAC), Universidade Federal do Ceará (UFC), Fortaleza, CE, Brasil

é Professora Associada II da Universidade Federal do Ceará (UFC) e do Programa de Pós-Graduação em Administração e Controladoria da UFC. Doutora em Educação pela UFC, Mestre em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica (PUC/SP) e Graduada em Psicologia pela UFC. Desenvolve pesquisas nas áreas de Gestão de Pessoas e Comportamento Organizacional, com ênfase nas questões de Socialização, Identidade Profissional, Comportamento Empreendedor, Gênero e Diversidade.

Referências

Agolla, J. E., Monametsi, G. L., & Phera, P. (2019). Antecedents of entrepreneurial intentions amongst business students in a tertiary institution. Asia Pacific Journal of Innovation and Entrepreneurship, 13(2), 138-152. https://doi.org/10.1108/APJIE-06-2018-0037

Ajzen, I. (1991). The theory of planned behavior. Organizational Behavior and Human Decision Processes, 50 (2), 179-211. https://doi.org/10.1016/0749-5978(91)90020-T

Alós, R., Esteban, F., Jódar, P., & Miguélez, F. (2015). Effects of prison work programmes on the employability of ex-prisoners. European Journal of Criminology, 12(1), 35-50. https://doi.org/10.1177/1477370814538776

Alstete, J. W. (2008). Aspects of entrepreneurial success. Journal of Small Business and Enterprise Development, 15(3), 584-594. https://doi.org/10.1108/14626000810892364

Angulo-Guerrero, M. J., Pérez-Moreno, S., & Abad-Guerrero, I. M. (2017). How economic freedom affects opportunity and necessity entrepreneurship in the OECD countries. Journal of Business Research, 73, 30-37. https://doi.org/10.1016/j.jbusres.2016.11.017

Bardin, L. (2011). Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70.

Barros, I. C. F., Madruga, L. R. D. R. G., Ávila, L. V., & Beuron, T. A. (2014). Atitude empreendedora na percepção de empreendedores individuais e sociais. Revista de Contabilidade e Organizações, 8(21), 36-45. https://doi.org/10.11606/rco.v8i21.60067

Behling, G., Pereira, C. M. D., Mazzoleni, E. C., Baccin, S. S., & Lenzi, F. C. (2015). Microempreendedor individual catarinense: uma análise descritiva do perfil dos empreendedores individuais em Santa Catarina. Navus – Revista de Gestão e Tecnologia, 5(1), 65-78. Recuperado de https://www.redalyc.org/pdf/3504/350450615006.pdf

Block, J. H., & Wagner, M. (2010). Necessity and opportunity entrepreneurs in Germany: characteristics and earnings differentials. Schmalenbach Business Review, 62(2), 154-174. https://doi.org/10.1007/BF03396803

Carsrud, A., & Brännback, M. (2011). Entrepreneurial motivations: what do we still need to know? Journal of Small Business Management, 49(1), 9-26. https://doi.org/10.1111/j.1540-627X.2010.00312.x

Carter, N. M., Gartner, W. B., Shaver, K. G., & Gatewood, E. J. (2003). The career reasons of nascent entrepreneurs. Journal of Business Venturing, 18(1), 13-39. https://doi.org/10.1016/S0883-9026(02)00078-2

Cavazos-Arroyo, J., Puente-Díaz, R., & Agarwal, N. (2017). An examination of certain antecedents of social entrepreneurial intentions among Mexico residents. Revista Brasileira de Gestão de Negócios, 19(64), 180-199. https://doi.org/10.7819/rbgn.v19i64.3129

Cordeiro, A. M. (2019). A educação nas prisões. ID online – Revista Multidisciplinar e de Psicologia, 13(48), 214-223. https://doi.org/10.14295/idonline.v13i48.2155

Costelloe, A., & Langelid, T. (2011). Prison Education and Training in Europe – A review and commentary of existing literature, analysis and evaluation. Directorate General for Education and Culture, European Commission, EAC, 19, 106-130. Recuperado de https://www.voced.edu.au/content/ngv:57679

Ephrem, A. N., Namatovu, R., & Basalirwa, E. M. (2019). Perceived social norms, psychological capital and entrepreneurial intention among undergraduate students in Bukavu. Education + Training, 61(7-8), 963-983. https://doi.org/10.1108/ET-10-2018-0212

Ferreira, A. S. M., Loiola, E., & Gondim, S. M. G. (2017). Preditores individuais e contextuais da intenção empreendedora entre universitários: revisão de literatura. Cadernos Ebape Br, 15(2), 292-308. https://doi.org/10.1590/1679-395159595

Ferri, L., Ginesti, G., Spano, R., & Zampella, A. (2019). Exploring factors motivating entrepreneurial intentions: the case of Italian university students. International Journal of Training and Development, 23(3), 202-220. https://doi.org/10.1111/ijtd.12158

Fossen, F. M., & Büttner, T. J. (2013). The returns to education for opportunity entrepreneurs, necessity entrepreneurs, and paid employees. Economics of Education Review, 37, 66-84. https://doi.org/10.1016/j.econedurev.2013.08.005

Global Entrepreneurship Monitor (GEM). (2017). Empreendedorismo no Brasil 2016. Recuperado de https://www.gemconsortium.org/report

Governo do Estado do Ceará. (2017). Sejus entrega carrinhos de lanche para egressos do sistema penitenciário. Recuperado de https://www.ceara.gov.br/2017/05/25/sejus-entrega-carrinhos-de-lanche-para-egressos-do-sistema-penitenciario/

Gray, D. E. (2012). Pesquisa no mundo real (2a. ed.). Porto Alegre: Penso.

Grosholz, J. M., Kabongo, J. D., Morris, M. H., & Wichern, A. (2020). Entrepreneurship education in the transformation of incarcerated individuals: A Review of the literature and future research directions, International Journal of Offender Therapy and Comparative Criminology, 64(15),1551-1570. https://doi.org/10.1177/0306624X20928020

Holzer, H. J., Raphael, S., & Stoll, M. A. (2003). Employment barriers facing ex-offenders [Working Paper]. The Urban Institute Reentry Roundtable, Employment Dimensions of Re-Entry: Understanding the Nexus Between Prisoner Reentry and Work, New York, NY, USA.

Hoppe, A., Barcellos, M. D., Vieira, L. M., & Matos, C. A. (2012). Comportamento do consumidor de produtos orgânicos: uma aplicação da teoria do comportamento planejado. Revista de Administração e Contabilidade da Unisinos – Base, 9(2), 174-188. https://doi.org/10.4013/base.2012.92.06

Ireland, T. D. (2012). Educação em prisões no Brasil: direito, contradições e desafios. Em Aberto, 24(86), 19-39.

Kautonen, T., & Palmroos, J. (2010). The impact of a necessity-based start-up on subsequent entrepreneurial satisfaction. International Entrepreneurship and Management Journal, 6(3), 285-300. https://doi.org/10.1007/s11365-008-0104-1

Keena, L., & Simmons, C. (2015). Rethink, reform, reenter: an entrepreneurial approach to prison programming. International Journal of Offender Therapy and Comparative Criminology, 59(8), 837-854. https://doi.org/10.1177/0306624X14523077

Liñán, F., & Chen, Y. W. (2009). Development and Cross-Cultural application of a specific instrument to measure entrepreneurial intentions. Entrepreneurship Theory and Practice, 33(3), 593-617. https://doi.org/10.1111/j.1540-6520.2009.00318.x

Martins, F. S., Santos, E. B. A., & Silveira, A. (2018). Intenção empreendedora: categorização, classificação de constructos e proposição de modelo. Brazilian Business Review, 16(1), 46-62. https://doi.org/10.15728/bbr.2019.16.1.4

Mcclelland, D. (1972). A sociedade competitiva: Realização e progresso social. Rio de Janeiro: Expressão e Cultura.

Moraes, C., Simões, D., & Gonçalves, E. (2017). Educação no cárcere: uma análise dos processos educativos no Centro de Reeducação Feminina de Ananindeua/Pará. Revista Pedagogia Social UFF, 2(2) 1-20.

Minola, T., Criaco, G., & Obschonka, M. (2016). Age, culture, and self-employment motivation. Small Business Economics, 46(2), 187-213. https://doi.org/10.1007/s11187-015-9685-6

Pastore, J. (2011). Trabalho para ex-infratores. São Paulo: Saraiva.

Patzelt, H., Williams, T. A., & Shepherd, D. A. (2014). Overcoming the walls that constrain us: the role of entrepreneurship education programs in prison. Academy of Management Learning & Education, 13(4), 587-620. https://doi.org/10.5465/amle.2013.0094

Paul, J., Hermel, P., & Srivatava, A. (2017). Entrepreneurial intentions – theory and evidence from Asia, America, and Europe. Journal of International Entrepreneurship, 15(3), 324-351. https://doi.org/10.1007/s10843-017-0208-1

Rodermund, E. S. (2004). Pathways to successful entrepreneurship: parenting, personality, early entrepreneurial competence and interests. Journal of Vocational Behavior, 65(3), 498-518. https://doi.org/10.1016/j.jvb.2003.10.007

Sarasvathy, S. D. (2004). Constructing corridors to economic primitives. Entrepreneurial opportunities as demand-side artifacts. In J. E. Butler (Ed.), Opportunity Identification and Entrepreneurial Behavior (pp. 291-312). Charlotte, USA: Information Age Publishing Inc.

Schlaegel, C., & Koenig, M. (2014). Determinants of entrepreneurial intent: a meta–analytic test and integration of competing models. Entrepreneurship, Theory and Practice, 38(2), 291-332. https://doi.org/10.1111/etap.12087

Silva, C. L. O., & Saraiva, L. A. S. (2013). Lugares, discursos e subjetividades nas organizações: o caso de uma prisão. Cadernos Ebape Br, 11(3), 383-401. https://doi.org/10.1590/S1679-39512013000300005

Souza, E. M., Costa, A. S. M., & Lopes, B. C. (2019). Ressocialização, trabalho e resistência: mulheres encarceradas e a produção do sujeito delinquente. Cadernos Ebape Br, 17(2), 362-374. https://doi.org/10.1590/1679-395171382

Thiry-Cherques, H. R. (2009). Saturação em pesquisa qualitativa: estimativa empírica de dimensionamento. Revista PMKT, 3(2), 20-27.

Trochim, W. M. K. (1989). Outcome pattern matching and program theory. Evolution and Program Planning, 12(4), 355-66. https://doi.org/10.1016/0149-7189(89)90052-9

Vale, G. M. V., Corrêa, V. S., & Reis, R. F. (2014). Motivações para o empreendedorismo: necessidade versus oportunidade? Revista de Administração Contemporânea,18(3), 311-327. https://doi.org/10.1590/1982-7849rac20141612

Van der Zwan, P., Thurik, R., Verheul, I., & Hessels, J. (2016). Factors influencing the entrepreneurial engagement of opportunity and necessity entrepreneurs. Eurasian Business Review, 6, 273-295. https://doi.org/10.1007/s40821-016-0065-1

Van Gelderen, M. (2010). Autonomy as the guiding aim of entrepreneurship education. Education + Training, 52(8-9), 710-721. https://doi.org/10.1108/00400911011089006

Vergara, S. C. (2003). Projetos e relatórios de pesquisa em administração (4a. ed.). São Paulo: Atlas.

Wilson, D. B., Gallagher, C. A., & MacKenzie, D. L. (2000). A meta-analysis of corrections-based education, vocation, and work programs for adult offenders. Journal of research in crime and delinquency, 37(4), 347-368. https://doi.org/10.1177/0022427800037004001

Yitshaki, R., & Kropp, F. (2016). Motivations and opportunity recognition of social entrepreneurs. Journal of Small Business Management, 54(2), 546-565. https://doi.org/10.1111/jsbm.12157

Publicado

01-09-2021

Métricas


Visualizações do artigo: 631     PDF downloads: 64 PDF (English) downloads: 46

Como Citar

Albuquerque , L. C., Sousa, E. da S., Fontenele, R. E. S., & Lima, T. C. B. de. (2021). O que fazer quando as grades se abrem? Motivações empreendedoras e crenças individuais de egressos de penitenciárias. REGEPE Entrepreneurship and Small Business Journal, 10(3), e1938. https://doi.org/10.14211/regepe.e1938

Edição

Seção

Artigo de pesquisa (Teórico-empírico)

Artigos Semelhantes

1 2 3 4 5 6 7 > >> 

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.